ZIPPER GALERIA NA ARPA 2025 IVAN GRILO E RODRIGO BRAGA EM DIÁLOGO INÉDITO SOBRE ARTE, NATUREZA E FUTURO

Da Redação - podpopartzoom@gmail.com

A Zipper Galeria apresenta trabalhos de Ivan Grilo e Rodrigo Braga na 4ª edição da ArPa, feira de arte que acontece de 28 de maio a 1º de junho, Mercado Livre Arena Pacaembu. Pela primeira vez lado a lado, os dois artistas apresentam obras inéditas, criadas especialmente para a ocasião da feira, que dialogam sob uma atmosfera rarefeita da véspera e do presságio – dois tempos semelhantes, mas de concretudes distintas. 

A véspera seria a dobra entre o último rastro do que foi e o lampejo do que está por vir – é o hoje se esticando na direção do amanhã imerso na expectativa. O presságio é aquele tremor no ar antes da mudança, aqueles sinais do futuro sussurrados pela matéria.

Diálogo entre Ivan Grilo e Rodrigo Braga

Ambos artistas apresentados possuem produções voltadas à natureza e aos seus fenômenos, cada qual construindo mundos próprios, conectados por uma sensibilidade comum: a de narrar por imagens. Partindo de símbolos arquetípicos e elementos naturais – o ovo, o fogo, o vulcão, a semente – suas produções lidam com a ideia de gênese e transformação que se dá por um atravessamento, e a ambiguidade entre potência e fragilidade. O solo fértil que brota após ser queimado pela lava; a luz que se irradia de uma célula fecundada; a casca que protege o mundo em formação e que precisa resistir à combustão.

Enquanto o ovo, na obra de Rodrigo Braga, é envolto pela aura externa do fogo, o óvulo, na de Ivan Grilo, lança de si a faísca que anuncia toda a potência de vir a ser. São dois corpos esféricos que guardam a promessa de uma existência futura. Uma reflexão sobre o tempo, o fim e os recomeços.

A fragilidade, o ritualístico e a transformação

Rodrigo Braga apresenta uma série inédita composta por quatro fotografias e quatro desenhos, elaborados em torno de dois símbolos fundamentais da existência: o ovo e o fogo. Um representa o que ainda não aconteceu, enquanto o outro, aquilo que pode marcar o fim de um ciclo.

Nas imagens, vemos ovos envoltos por uma aura quente, um campo vibracional em combustão que ora cuida, ora ameaça. O fogo é aquele elemento que protege, alimenta, além de ser essencial para a existência humana, mas também consome, queima e destrói. Aqui a ameaça é manipulada, o fogo está está nas palmas das mãos, e é ninho que aquece o ovo para sua transformação. Como afirma o artista:

“Assim como o fogo tem sua dupla face, a destrutiva e a regeneradora, a ideia de presságio também comporta uma ambiguidade – ora o bom presságio, ora o mau presságio. O tempo presente está repleto de contradições, próprias de uma humanidade em veloz e voraz expansão.”

O milagre dos recomeços

A partir de encontros e pesquisas em torno de vulcões ao redor do mundo,  Ivan Grilo desenvolveu uma série de trabalhos que imaginam o depois da erupção. Aqui, o incêndio e suas consequentes destruições já passaram. A vista proposta por Grilo é aquela de quem abriu os olhos após o fim. Mas, paradoxalmente, o solo devastado ao redor dos vulcões é excepcionalmente fértil e é desse chão que nascem as imagens desse conjunto de trabalhos.

Em meio aos escombros férteis do pós-erupção, o artista nos entrega, com beleza, o registro de um renascimento possível. Há ali um broto primogênito desabrochando e uma pedra, formada a partir das erupções. Mas no centro, em destaque, está algo que se parece com um eclipse solar ou um vulcão visto de cima, que na realidade é o registro de óvulo no exato momento em que é fecundado – uma explosão microscópica visível apenas por meio de equipamentos específicos.

Na esteira dessa força telúrica que tudo destrói para adubar o recomeço, surgem também obras de grande ternura. As peças de linho, marcadas a calor com frases como “uma espera impecável” e "os olhos se abrem”, relatam o instante em que a terra, ainda fumegante, respira pela primeira vez.

Característica de sua produção, as placas de bronze com inscrições poéticas, geralmente com verbos no infinitivo, desta vez, assumem a primeira pessoa: “vivencio o milagre, te conto nos olhos, coreografo os ritos...”. A mudança implica a transformação do mantra como possibilidade aberta e universal, para a posição de testemunho concreto.

ArPa 2025 - 28 de maio a 1º de junho

Com curadoria refinada e foco no diálogo entre arte contemporânea e pensamento crítico, a ArPa Feira de Arte chega à sua quarta edição reunindo cerca de 100 artistas, 60 galerias e representantes de mais de 14 países. O evento acontece entre os dias 28 de maio e 1º de junho no Mercado Livre Arena Pacaembu, consolidando-se como uma das principais feiras de arte do calendário nacional.

Horários: De 28 a 31 de maio, das 13h às 20h30 | Dia 1º de junho,  das 11h às 18h

Local: Mercado Livre Arena Pacaembu - R. Capivari, portão 23 - São Paulo - SP

Ingresso: R$ 30 (meia) e R$ 60 (inteira)

Classificação: livre 

Mais informações:  https://arpa.art/

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