ELIAS ANDREATO ESCREVE E DIRIGE ESPETÁCULO O ANTIPÁSSARO, SOLO PROTAGONIZADO POR NILTON BICUDO QUE ENALTECE A POESIA DE ORIDES FONTELA
O Teatro Sérgio Cardoso, instituição da Secretaria da Cultura, Economia e Indústria Criativas do Estado de São Paulo, recebe a obra teatral O Antipássaro, que traz à vida as palavras profundas e a existência marcante de Orides Fontela, uma das mais notáveis poetas do Brasil. Com estreia marcada para o dia 20 de janeiro, sábado, 18h, o espetáculo promete colocar em destaque não apenas a poesia de Orides, mas também sua visão artística, visando conferir protagonismo ao universo feminino. O espetáculo tem roteiro e direção de Elias Andreato e é interpretado por Nilton Bicudo.
Orides Fontela, nascida em São João da Boa Vista (SP) em 21 de abril de 1940, enfrentou desafios notáveis como poeta, sendo frequentemente marginalizada no mundo acadêmico masculino. Sua vida foi marcada por períodos de solidão e pobreza, refletidos de maneira filosófica e profunda em sua obra seca e concisa sobre a vida.
A dramatização tem como ponto de partida a vida e obra desta renomada poeta brasileira, cuja importância transcende fronteiras. Antonio Candido e Davi Arigucci Jr. reconheceram desde cedo a radical modernidade e a lucidez cortante de sua linguagem. Orides deixou um legado consistente, publicando volumes incontornáveis de poemas, como "Transposição" (1969), "Helianto" (1973), "Alba" (1983 - vencedor do Prêmio Jabuti), "Rosácea" (1986) e "Teia" (1996), além de dezenas de poemas inéditos que combinam densidade e clareza, aspereza e beleza.
O evento também lança luz sobre aspectos menos conhecidos da vida de Orides Fontela. Filha de um pai operário e analfabeto, iniciou sua jornada literária aos sete anos. Estudou filosofia na USP, foi professora primária, mas detestava lecionar. Morou no Crusp e no Centro Acadêmico XI de Agosto, teve poucos amigos e era conhecida por ser "de difícil convivência". Suas palavras revelam a dureza de uma vida marcada pela pobreza, como quando morou na Cesário Mota ao lado do Minhocão, tendo a luz cortada várias vezes por falta de pagamento.
O destino trágico da poeta também é abordado, falecendo em 12 de outubro de 1998, vítima de tuberculose, no Sanatorinhos de Campos do Jordão. Quase foi enterrada como indigente, mas um exemplar de seu livro "Teia", encontrado por uma enfermeira, evitou esse desfecho. Orides Fontela amou gatos, mas não teve a mesma afinidade com as pessoas, sendo atropelada quatro vezes ao longo de sua vida.
Em suas próprias palavras, Fontela expressou: "Quero morrer sem obedecer a ninguém, sou o próprio coração selvagem". Ela lamentou a necessidade de viver de prosa, cuidando da vida e transformando o verbo em verba. Em um país que a tratou não apenas como poeta, mas como um caso humano, ela refletiu sobre o cansaço do folclore que a envolvia, destacando que seu maior fracasso era não ser ateia.
Ficha técnica
Roteiro e Direção de Elias Andreato baseado na obra e vida da poeta Orides Fontela
Com: Nilton Bicudo
Luz e Cenário de Elias Andreato
Música Composta por Jonatan Harold
Fotografia: Adriano Escanhuela
Designer gráfico: Keren Ora Karman
Figurino de Marcelo Leão
Produção de Rosa Vermelha Produções Artísticas
Mais Informações:
O Antipassáro
Local: Teatro Sérgio Cardoso - Sala Paschoal Carlos Magno
Endereço: R. Rui Barbosa, 153 - Bela Vista, São Paulo - SP
Data: 20 de janeiro a 03 de março de 2024, sábados e domingos, 18 horas
Ingressos: R$40,00 (inteira) e R$ 20,00 (meia-entrada)| Sympla
Duração: 60 minutos
Ingressos: 12 anos
Capacidade da Sala: 143 lugares + 6 espaços de cadeirantes
Sobre o Teatro Sérgio Cardoso
Localizado no boêmio bairro paulistano do Bixiga, o Teatro Sérgio Cardoso mantém a tradição e a relevância conquistada em mais de 40 anos de atuação na capital paulista. Palco de espetáculos musicais, dança e peças de teatro, o equipamento é um dos últimos grandes teatros de rua da capital, e foi fundamental nos dois anos de pandemia, quando abriu as portas, a partir de rígidos protocolos de saúde.
Composto por duas salas de espetáculo, quatro dedicadas a ensaios, além de uma sala de captação e transmissão, o Teatro tem capacidade para abrigar 827 pessoas na sala Nydia Licia, 149 na sala Paschoal Carlos Magno, além de apresentações e aulas de dança no hall do teatro.
Sobre a Amigos da Arte
A Associação Paulista dos Amigos da Arte, Organização Social de Cultura responsável pela gestão de chamadas públicas, do Teatro Sérgio Cardoso, e do Teatro de Araras, além do Mundo do Circo SP, trabalha em parceria com o Governo do Estado de São Paulo e a iniciativa privada desde 2004.
Música, literatura, dança, teatro, circo e atividades de artes integradas fazem parte da atuação da Amigos da Arte, que tem como objetivo fomentar a produção cultural por meio de festivais, programas continuados e da gestão de equipamentos culturais públicos. Em seus 19 anos de atuação, a Organização desenvolveu cerca de 70 mil ações que impactaram mais de 30 milhões de pessoas.
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